MESMO COM RETRAÇÃO DO CRÉDITO, “BANCÕES” ACUMULAM ALTA DE ATÉ 35% NA BOLSA EM 2023

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Banco do Brasil e Itaú continuam na disputa pela preferência dos analistas, apesar de o Bradesco ter registrado um melhor desempenho no último mês

Quase metade do ano se passou e, até agora, os maiores bancos listados na Bolsa brasileira acumulam saldo positivo no período. Disparado na frente, está o Banco do Brasil (BBAS3), com alta de 34,52% desde que 2023 começou. Itaú (ITUB4) vem em seguida, com ganhos de 9,02% até o fechamento de ontem (1). Mesmo com avaliações negativas e cautelosas de analistas, o Santander Brasil (SANB11) acumula alta de 4,97%. O Bradesco (BBDC4), depois de uma arrancada de 16% no último mês, passou a subir 1,81% em 2023.

Com base nos últimos dados de crédito do Banco Central, o Bank of America (BofA) destacou a resiliência de bancos públicos, como o BB, em um cenário geral de desaceleração de empréstimos, sentido principalmente nas instituições privadas.

“Essa disparidade é explicada pelo bom crescimento nos portfólios de crédito rural e imobiliário e os bancos públicos tem uma grande fatia de mercado em ambas as modalidades”, escreveram os analistas Mario Pierry e Flavio Yoshida.

Não à toa, BBAS3 é o único dos grandes bancos com recomendação de compra pelo BofA, junto com bancos menores, como BTG Pactual (BPAC11) e ABC Brasil (ABCB4), e Inter (INBR32). Itaú e Unibanco tem recomendação neutra e Santander Brasil, underperform, abaixo do desempenho do mercado.

Em abril, o saldo total de crédito das instituições financeiras do Brasil cresceu 11,1%, desacelerando pelo sexto mês consecutivo – e com mais intensidade ainda. O volume de concessões de empréstimos no período foi de R$ 460 bilhões, 5,6% menor que o registrado um ano antes. Na comparação com março, houve recuo de 17% – a primeira queda mensal nas concessões desde janeiro de 2021.

Na visão do BofA, os dados de abril mostram que as condições de crédito continuam apertadas, o que reforça a seletividade da casa em relação aos bancos brasileiros. A originação de empréstimos segue limitada, pressionando negativamente o crescimento das carteiras, de perfil mais conservador, enquanto a inadimplência continua se deteriorando.

“Essa tendência reflete o ciclo de aperto monetário iniciado em 2021, que também está impactando os empréstimos inadimplentes com uma expansão gradual, conforme o previsto”, diz relatório da XP, assinado por Bernardo Guttman e Rafael Nobre. A equipe de análise ressalta que o ritmo de desaceleração está vindo em linha com as projeções fornecidas pelos principais bancos.

Na visão do Bradesco BBI, o crescimento de dois dígitos do saldo total de crédito ainda é significativamente forte, e acima da média de 8,7% dos últimos 10 anos. “Esperamos que que o crédito continue desacelerando nos próximos meses, mas não a ponto de ser uma ameaça à estabilidade financeira”, escreveram os analistas Andre Carvalho, Guilherme Zimmermann e Fernando Cardoso.

A XP espera aumento adicional nas taxas de inadimplência no futuro, com expectativa de estabilização no segundo semestre deste ano. Em abril, o índice ficou em 3,5%, com alta de 12 pontos-base em relação a março e de 79 pontos na comparação com um ano antes.

O custo de crédito deve permanecer em níveis elevados. Em abril, os spreads subirm 80 pontos-base na comparação mensal para 21,9%, bem acima da  média histórica de 17,6%. Para empréstimos individuais, a alta foi de 100 pontos, para 28%, enquanto o spread corporativo se  manteve estável, em 9,7%.

“Apesar dos desafios macroeconômicos enfrentados ao longo do ano, entendemos que os números reportados não alteram as tendências em andamento”, afirmam Guttman e Nobre. Assim, a XP manteve perspectiva positiva para os “bancões”, com preferência por Itaú.

Para a XP, o banco apresenta performance operacional mais eficiente do que os seus pares e tem maior exposição a linhas de crédito que estão crescendo mais rápido. Ao mesmo tempo, o banco tem gerenciado de forma efetiva os empréstimos inadimplentes. A XP também avalia que a ação está descontada, com relação preço sobre lucro (P/L) de 6,8 vezes para 2023, abaixo da sua média histórica.

Fonte: Infomoney