Oferta inicial do serviço ocorrerá pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, e depois será estendida aos canais dos bancos, em abril; FGTS não deverá ser usado como garantia
O novo crédito consignado privado deve começar a ser oferecido em março, segundo pessoas a par do assunto ouvidas pelo Estadão/Broadcast. A sinalização foi dada na terça-feira, 11, a representantes do setor financeiro em uma reunião com a Dataprev, empresa do governo que faz a gestão dos dados que serão usados para a oferta do novo produto.
O novo consignado deve entrar no ar em 12 de março, em uma espécie de piloto. Neste primeiro momento, deve ser ofertado apenas através do aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, e depois, em 17 de abril, deve ser estendido aos canais próprios dos bancos, físico e online.
Além disso, a nova linha não deve ter teto de juros. Com isso, o governo atende a um pleito dos bancos e fintechs, que alegavam que, com um limite de taxa, o produto excluiria “milhões” de trabalhadores, o que impediria o crescimento esperado tanto pelo Ministério do Trabalho quanto pelos bancos
“A linha tem um potencial grande de crescimento, mas com o teto deixaria de atender alguns milhões de trabalhadores, pelo público diverso”, diz o diretor de crédito consignado da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Alex Sander Gonçalves.“A linha tem um potencial grande de crescimento, mas com o teto deixaria de atender alguns milhões de trabalhadores, pelo público diverso”, diz o diretor de crédito consignado da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Alex Sander Gonçalves.
Sem o teto, não haverá o uso do FGTS como garantia nas operações. Os bancos haviam sinalizado ao governo que dispensavam o uso do FGTS caso não houvesse um limite para as taxas.
Na reunião com a Dataprev, participaram representantes tanto de bancos associados à ABBC quanto de membros da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Zetta, entidade que representa algumas das maiores fintechs do País.
Para que o cronograma seja cumprido, o governo precisa publicar a medida provisória que vai criar o novo consignado. De acordo com fontes, a Dataprev não sinalizou uma data precisa, mas disse que o texto deve ser publicado até o final deste mês.
O governo também permitirá que bancos que atualmente não estão cadastrados à Dataprev, por não atuarem com a folha do INSS, se cadastrem para oferecer o novo consignado privado. A transição era um pedido de fintechs e bancos médios, que têm atuação menor junto ao INSS.
Gonçalves, da ABBC, afirma que ainda falta equacionar questões como a transferência da dívida quando o trabalhador trocar de emprego. Os bancos afirmam que essa troca precisa ser automática, para reduzir a inadimplência, mas o fluxo ainda não está estabelecido.
O novo consignado privado vai utilizar dados da Dataprev para fazer o desconto das parcelas do salário do trabalhador. Atualmente, esse fluxo depende de convênios entre os bancos e cada empresa, o que reduz o potencial de crescimento da linha. No final do ano passado, o consignado privado tinha carteira de R$ 40 bilhões, apenas 6% da carteira total de consignado do País.
Fonte: Estadão