O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o China Development Bank (CDB) firmaram um acordo nesta sexta-feira, 14, para captação de até US$ 1,3 bilhão para financiar infraestrutura e economia verde no Brasil.
Embora a declaração das instituições dê destaque à agenda de sustentabilidade ambiental e transição energética, os recursos também poderão ser aplicados em setores como saneamento, petróleo e gás, agricultura e mineração, entre outros.
As condições serão detalhadas em dois documentos: um destinando US$ 800 milhões para investimentos de longo prazo e outro de US$ 500 milhões para aplicações de curto prazo.
A linha de longo prazo, de até 10 anos, terá como foco o financiamento de projetos de infraestrutura, energia, manufatura, petróleo e gás, agricultura, mineração, saneamento, agenda ESG (ambiental, social de governança), mudança climática e desenvolvimento verde, prevenção a epidemias, economia digital, alta tecnologia, gestão municipal e outros segmentos no Brasil.
“Investimentos de longo prazo costumam ser um gargalo para o desenvolvimento do país e por isso a ideia é que a maior parte dos recursos tenham esse foco”, explicou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
Já na linha de curto prazo, de três anos, o montante será utilizado como parte do orçamento de investimentos do BNDES, podendo apoiar o comércio bilateral Brasil-China, entre outras frentes de financiamento.
Em fevereiro, Mercadante tomou posse como presidente do banco brasileiro prometendo fomento às exportações e uma agenda de apoio à “nova indústria”, economia verde e infraestrutura, sem repetir o “padrão de subsídios” do passado.
“O BNDES do futuro será verde, inclusivo, digital e industrializante”, afirmou, em seu discurso de posse.
Na pauta da reindustrialização, o discurso é que o desenvolvimento do país passa pelo aumento da competitividade da indústria nacional.
Segundo Mercadante, a constituição de um Eximbank – instituição financeira que oferece soluções para empresas locais que desejam vender seus produtos no exterior – será uma “pauta fundamental” do banco, nesse sentido.
“Não se trata da velha indústria. Trata-se da nova indústria, digital e descarbonizada, baseada em circularidade e intensiva em conhecimento. Isso exigirá inovação e grande investimento em pesquisa aplicada”, disse.
Viagem à China
A cooperação entre os bancos foi firmada durante a viagem do presidente Lula (PT) à China com comitiva de dezenas de políticos e a expectativa de fechar mais de 20 acordos com o seu principal parceiro comercial – mas cujo crescimento econômico vem desacelerando.
Nesta sexta-feira, Lula e o presidente chinês, Xi Jinping, assinaram 15 acordos em diversas áreas.
Em uma declaração conjunta, os governos afirmam concordar em incentivar empresas a fazer investimentos na área de transição energética e dizem que querem trabalhar juntos em renováveis, “com ênfase em bioenergia, hidrogênio e combustíveis sustentáveis para aviação”.
“As duas partes reconheceram a importância de que a transição energética e a mitigação das emissões no plano doméstico e global de maneira justa e equitativa, que leva em consideração as especificidades das realidades nacionais, o aumento da demanda por energia e o imperativo da segurança energética”, diz um trecho do documento.
Também esta semana, Lula anunciou que a transição será um dos seis eixos do novo PAC, o programa de investimentos estratégicos em infraestrutura que vem sendo desenhado com os ministérios e estados.
Fonte: NovaCana