Ontem, o principal índice do mercado de ações brasileiro recuou 0,62%, aos 118.243 pontos.
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera em baixa nesta terça-feira (27), refletindo a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), que afirmou que a continuidade da queda da inflação deve levar a um corte nos juros já em agosto.
No entanto, segundo divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,04% em junho, acima das expectativas do mercado, mesmo que o número represente uma desaceleração.
Às 12h30, o índice caía 1,24%, aos 116.771 pontos. Veja mais cotações.
No mesmo horário, as ações da Petrobras, uma das empresas com maior peso na composição do índice, recuavam 0,60%, enquanto os papéis de bancos, como Banco do Brasil e Itaú, tinham queda de cerca de 2%.
Na véspera, o Ibovespa fechou em baixa de 0,62%, aos 118.243 pontos. Com o resultado, o índice passou a acumular altas de:
9,15% no mês;
7,75% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
Depois de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano na última semana e emitir um comunicado com um tom mais duro, o BC informou nesta terça, por meio de sua ata, que já avalia a possibilidade de iniciar um corte nos juros em agosto.
“A avaliação predominante [entre os integrantes do Copom] foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso [bem gradual ]de inflexão [corte dos juros] na próxima reunião [marcada para o início de agosto]”, diz o documento.
De acordo com o Copom, no entanto, uma minoria dos integrantes do colegiado ainda estão mais cautelosos, avaliando que a dinâmica de queda da inflação “ainda reflete o recuo de componentes mais voláteis e que a incerteza sobre o hiato do produto [capacidade de a economia crescer sem gerar inflação] gera dúvida sobre o impacto do aperto monetário [alta dos juros] até então implementado”.
Além da ata, também pesa sobre os negócios deste pregão a divulgação do IPCA-15 de junho, que veio acima das projeções, apesar de registrar uma forte desaceleração frente à maio. No acumulado em 12 meses. o indicador tem alta de 3,40%.
Seis dos nove grupos que compõem o IPCA-15 tiveram alta no mês, com destaque para Habitação, que avançou 0,96%, puxado pelo aumento nos preços de taxas de água e esgoto e nas tarifas de energia elétrica.
Em contrapartida, o grupo de Transportes foi o que apresentou a maior queda, de 0,55%, influenciado pela redução de 3,40% nos preços da gasolina naquele período.
No exterior, as atenções seguem voltadas aos dados econômicos mais fracos em diversos países, que indicam que o mundo pode estar perto de uma recessão global.
Na Europa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, disse que a zona do euro vive um novo período de inflação persistente. Segundo ela, o que inicialmente foi uma inflação transitória, impulsionada pelos altos preços de combustíveis e energia, agora já se infiltrou em toda a economia e pode demorar para ir embora.
“É improvável que em um futuro próximo o banco central possa afirmar com total confiança que o pico das taxas foi atingido”, afirmou Lagarde no Fórum do BCE sobre Bancos Centrais em Sintra, Portugal.
Com isso, as expectativas são de que o BCE continue com seu ciclo de aperto monetário, subindo os juros, o que pode desacelerar ainda mais a atividade econômica.
Nos Estados Unidos, alguns indicadores importantes serão divulgados até o fim da semana e o mercado também acompanha os possíveis sinais de uma recessão.
Fonte: G1